Kay Nielsen

Cortesia da Biblioteca Nacional da Nova Zelândia

A minha paixão pelas histórias começou essencialmente com a palavra. Primeiro na infância com a palavra oral através da minha Mãe, exímia contadora de histórias e guardiã de um considerável repertório de contos tradicionais e populares. Na adolescência descobri o fascínio pelas histórias através da palavra escrita, a Literatura. E embora o Cinema também me tenha sempre cativado enquanto meio de narrar, sempre privilegiei o texto à imagem e considerei a palavra como o meio por excelência para contar histórias.

Até ao momento em que fui Mãe e quis partilhar a paixão pelas histórias com os meus Filhos. Por essa altura começaram a entrar pela porta adentro livros infantis cada vez mais fabulosos e dei comigo a "ler" as imagens com o mesmo fervor e paixão com que lia os textos e a perder-me com a minha prole nos deliciosos detalhes da narrativa visual. Desde então, embora os textos continuem a ser uma paixão profundamente enraízada em mim, descobri e tenho vindo a interessar-me cada vez mais por esta forma de contar histórias visualmente que é a Ilustração. E é neste contexto que me apaixonei pelo trabalho de Kay Nielsen.

Kay Nielsen

Kay Nielsen, nascido na Dinamarca em 1886, pertenceu à geração da chamada Idade de Ouro da Ilustração que decorreu entre o final do Séc.XIX e o início do Séc.XX. Apesar de contar vários ilustradores contemporâneos entre os meus favoritos, confesso que sou completamente apaixonada pela maior parte dos ilustradores daquela época e que me identifico muito particularmente com aquele período da história da Ilustração. Aliás, nomes como por exemplo, Arthur Rackham ou Edmund Dulac, permanecem uma referência nesta área e continuam a influenciar ilustradores até aos dias de hoje.

Dos muitos ilustradores e ilustradoras que marcaram aquele período, a narrativa visual de Kay Nielsen está entre as que mais me intrigam e fascinam. Embora toda a estética do Art Nouveau e Art Déco e as influências asiáticas subjacentes à época estejam bem presentes na sua obra, o imaginário feérico e onírico de Nielsen é muito particular e a sua sensibilidade gráfica impregna as suas obras de uma modernidade que tenho dificuldade em explicar. Só sei que me encanta. Como a voz da minha Mãe há muito anos atrás.

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