"The greatest change we need to make is from consumption to production, even if on a small scale, in our own gardens. If only 10% of us do this, there is enough for everyone. Hence the futility of revolutionaries who have no gardens, who depend on the very system they attack, and who produce words and bullets, not food and shelter." - Bill Mollison

"All the problems of the world can be solved in a garden." - Geoff Lawton

Diário de Bordo

Arbusto de lúcia-lima a pender para o lado sol

Uma das aprendizagens que fazemos ao longo de toda a vida é a leitura. Essa aprendizagem não se restringe às letras. É muito mais ampla. Aprendemos a ler símbolos e sinais, a ler o céu e as estrelas, os gestos, os rostos, as rugas, os olhares… Resumindo, aprendemos a ler tudo o que nos rodeia.

Cá por casa, andamos agora a aprender a ler as plantas. Sim, esses seres vivos silenciosos que tendemos a ignorar como se não passassem de mobiliário… E afinal respiram, vivem e reagem. Quando observamos atentamente uma planta, aprendemos a ler os seus sinais. Começamos então a descobrir o quão estimulante pode ser esta leitura e a interação com estes seres vivos.

Enquadramento da lúcia-lima antes da poda

Foi o caso há uma semana atrás com a nossa lúcia-lima. Pela certa, há uma série de sinais que ainda nos passam totalmente despercebidos, mas quando ela se estica toda em direção ao Sol, já sabemos que é preciso podar um pouco a tangereira que lhe começa a fazer sombra. E quando começa a pender com o peso dos ramos, sabemos também que chegou o momento da nossa colheita anual de chá. Aquele chá delicioso e extremamente aromático que todos adoramos cá em casa.

Enquadramento da lúcia-lima depois da poda

É uma tarefa muito agradável  de realizar, pois das folhas emana uma deliciosa fragrância cítrica que nos vai envolvendo. É inebriante e confesso, quase terapêutico. Numa manhã tépida e serena de verão, ficar sentado à sombra a transformar os ramos podados em molhos de chá para secar, tem o dom de proporcionar momentos de grande paz interior. Paz interior induzida também pelo olfato que se extasia com o maravilhoso perfume que fica a pairar no ar.

Vasilha cheia de folhas verdes de lúcia-lima

Este momento de “leitura” entre folhas está longe de terminar aqui. Irá prosseguir ainda ao longo do ano, com a leitura dos sorrisos no rosto dos nossos amigos quando recebem de presente um frasco destas folhas aromáticas… Com a leitura do brilho nos olhos dos nossos filhos quando bebem uma taça de chá quente numa tarde fria de inverno… Chávena de café

Não o podemos negar. Cada dia descobrimos mais Poesia entre as folhas verdes.

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