Data do registo: 17.06.2020
Observei-o através da janela do atelier. Uma janela discreta que nos privilegia com estes espetáculos inesquecíveis.
Vi-o de baixo para cima. A janela está mais baixa do que o limoeiro. Primeiro julguei que estava a ver uma das rolas que ali poisam com frequência. Mas pareceu-me uma rola particularmente grande e de um tom mais escuro de café com leite. Só quando lhe consegui ver a cabeça é que percebi que não era nenhuma das aves habituais aqui no quintal.
Vi muitos gaios na infância, até em cativeiro, mas nunca tinha visto nenhum em liberdade tão perto. Infelizmente, foi de relance. A ave estava claramente de passagem. Vinha em voo, poisou e voltou a levantar voo quase de seguida. Tenho quase certeza absoluta de que era um gaio, mas gostaria de ter tido mais uns segundos para ultrapassar a surpresa e observá-lo melhor. Tive a sorte da câmara do bebedouro ter capturado o momento, mas está demasiado longe para permitir uma identificação mais concreta.
Fico fascinada pela ideia de que uma ave típica dos bosques e florestas pôde descansar uns segundos no nosso quintal. Em mais de vinte anos a viver aqui, foi a primeira vez que vi. Creio que o devemos ao pequeno bosque que aqui temos vindo a criar.